segunda-feira, 18 de julho de 2011

'No lugar de Battisti, não estaria tranquilo', diz juiz italiano

O ex-juiz italiano Giuliano Turone, que está lançando um livro sobre o caso judiciário do ex-militante Cesare Battisti, afirmou que, se fosse ele, "não estaria muito tranquilo", e recomendou a ele que "reconheça seus erros".

Em entrevista à ANSA, o autor, que lança seu livro na Itália nos próximos dias pela editora Garzanti, convidou o ex-militante, a quem considera um "terrorista homicida" e "um assassino que fugiu", a "colocar a mão na consciência".


O ex-magistrado, porém, disse que não escreveu a obra com "o dente envenenado" ou "com animosidade contra o Brasil, que ofendeu nosso país".


Em sua opinião, o caso da negação da extradição "é emblemático pela desinformação que demonstrou" e "colocou em dúvida em nível internacional o estado democrático do nosso país, que continua um Estado de Direito onde os processos se desenvolvem no respeito dos direitos da defesa", argumentou.


Para ele, a decisão de manter Battisti no Brasil acabou indicando, "mais ou menos de boa ou má fé, que o nosso país não é uma democracia, que foram feitos processos injustos. Esta é uma falsidade e um insulto gratuito ao nosso sistema constitucional".


O livro percorre a história desde o início do envolvimento do ex-militante com a Justiça italiana, preso em 1979 acusado do assassinato de quatro pessoas, e baseia-se em vários processos contra o Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), o grupo de extrema-esquerda que ele fazia parte naquela época.


Turone, que como juiz instrutor na Itália foi responsável pelo primeiro processo criminal contra as atividades da Cosa Nostra, a máfia siciliana, na Lombardia, e como consequência pela prisão do chefe da máfia, Luciano Liggio, garantiu ainda que o italiano "foi defendido com argumentações absolutamente não verídicas".


O juiz e escritor contou que estava escrevendo um livro sobre diversos casos jurídicos quando, em 31 de dezembro do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o italiano no Brasil. "Depois de tantos ensaios para adicionar aos trabalhos, percebi que é mais útil escrever para todos reconstruindo histórias confusas que emergem de sentenças ilegíveis", afirmou.


Battisti foi condenado à revelia na Itália à prisão perpétua, mas fugiu para a França, para o México, e por fim ao Brasil, onde ficou preso preventivamente por quatro anos após ficar dois livres. Após Lula decidir não extraditá-lo, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou sua libertação em 8 de junho passado.

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