quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Nova ministra veste Chanel, vê novelas e aprecia ópera e arte


(Sérgio Lima/Folhapress)
Marta Suplicy no plenário do Senado Federal 
nesta terça-feira (11), quando foi confirmada ministra da Cultura

Quando seus filhos eram pequenos, Marta Suplicy, que assume hoje o Ministério da Cultura, se arriscava como pintora. Uma de suas obras, a cabeça gigante de um leão, deve ter ido para o lixo, segundo o roqueiro Supla. 

Mas se sua própria tela não agradou, Marta sabe apreciar o trabalho dos mestres. 

Semanas depois de perder as eleições para a prefeitura paulistana há quatro anos, Marta foi vista sozinha no MoMA, em Nova York, concentrada nos densos campos de cor de Mark Rothko. 

A nova ministra gosta mesmo do pintor abstrato. Neste ano, viu em São Paulo a montagem teatral em que Antonio Fagundes vive o artista e recomendou a peça a amiga.

É com as amigas que Marta costuma frequentar balés, óperas e exposições de arte. Mas elas também destacam um outro lado da ministra. 

Marta coleciona "bonequinhos de argila do Nordeste", rasga elogios a "Avenida Brasil", a atual novela das 21h, e vibra ao som da cantora country norte-americana Patsy Cline e com sucessos como "American Pie", de Don McLean, que conheceu em temporada de estudos nos Estados Unidos. 

Seu gosto é -para dizer o mínimo- eclético. Se o iTunes de Marta comporta clássicos americanos e um ou outro rock, por influência de Supla, também há espaço para ícones da MPB -Chico Buarque, Caetano Veloso e Elis Regina- e medalhões como Roberto Carlos e Rita Lee. 

No caso da cantora, Marta chegou a analisar em sua coluna nesta Folha a adequação de uma música de Lee para embalar as travessuras amorosas de Cadinho e suas três mulheres na novela da faixa nobre global, a "parte elegante da trama: hipócrita, cheirosa, culta e com grife". 

PERUA CLÁSSICA
 
Em parte, é uma descrição que quase se aplica a ela mesma. Marta, na definição de amigos, é "culta, sofisticada" e faz questão de vestir a grife francesa Chanel, encarnando o estilo que fashionistas chamam "perua clássica": conjuntinhos de silhueta discreta e tailleurs impecáveis. 

Na moda nacional, a ministra só encampou de fato as criações de Alexandre Herchcovitch, e frequentou a primeira fila de seus desfiles na São Paulo Fashion Week, posando para retratos até mesmo na passarela. 

Mas Marta exagera nos acessórios, com excessos de joias, assim como já pecou pela extravagância em nome da alta cultura. 

Em seu mandato na Prefeitura de São Paulo, uma viagem a Milão causou polêmica.

Enquanto paulistanos naufragavam no túnel da Rebouças, que havia inundado, e a prefeitura vivia crise com corte de serviços como varrição de ruas, Marta estava na reabertura do Scala, templo da ópera italiana, dividindo a plateia com Sophia Loren. 

Um jornalista descreveu seu figurino dourado, carregado de adereços, como look da madrasta de Cinderela. 

Fora dos contos de fada, Marta, que depois de dois divórcios hoje namora o ex-presidente do Jockey, Márcio Toledo, continua viajando à Europa, um destino frequente. 

Em sua última passagem por Paris, ao lado do namorado, refez o trajeto do protagonista de "A Lebre com Olhos de Âmbar". O livro de Edmund De Waal segue o destino de um conjunto de bibelôs japoneses, espalhados entre a capital francesa e Viena. 

No cinema, Marta também caiu de amores pelo mais recente filme de Woody Allen. Ela comparou a trama passada em Roma aos enredos fantásticos de Federico Fellini. 

Mas Europa não é tudo. Entre os livros de cabeceira da nova ministra, já esteve "Relato de um Certo Oriente", estreia de Milton Hatoum, uma ode memorialista a Manaus. 

Colaborou THALES DE MENEZES, editor-assistente da "Ilustrada"

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