O prefeito de Recife, João da Costa, desafiou ontem a cúpula do PT e
promoveu ato com cerca de cem aliados para anunciar que mantém sua
pré-candidatura à reeleição. A atitude contraria a decisão do ex-presidente Lula de entregar a chapa
do partido ao senador Humberto Costa sem a realização de novas prévias
entre os filiados.O PT avisou o prefeito que a resistência será inócua e que ele não terá registro para participar da disputa.
Caso insista, ele será a primeira vítima da nova regra que exige que as
chapas em cidades com mais de 200 mil eleitores sejam homologadas pela
Executiva Nacional. João da Costa irritou os dirigentes petistas, que esperavam que ele comunicasse ontem sua desistência. Na véspera, seu adversário na disputa interna do partido, o deputado
Maurício Rands, desistiu para abrir caminho a Humberto Costa.
Com o gesto, o prefeito jogou para a cúpula petista a responsabilidade
de negar o apoio à reeleição de um prefeito do próprio partido.O presidente do PT, Rui Falcão, cancelou viagem a Recife marcada para
hoje e afirmou, via assessoria, que o impasse será resolvido pela
direção da sigla na terça-feira.
Ontem, João da Costa convocou a imprensa e, acompanhado por militantes
de seu grupo político, afirmou, sem citar nomes, que passou os últimos
três anos sendo "achincalhado" no poder.
"Esse tempo acabou. A cada achincalhe vai ter uma resposta política", disse.
Declarando-se vítima de uma tentativa de desconstrução da sua imagem, o
prefeito afirmou que "ninguém apostava um tostão furado" que ele
venceria as prévias realizadas no último dia 20.
A direção do partido anulou o resultado, sob alegação de irregularidades, e prometeu realizar nova votação no próximo domingo. No entanto, passou a articular a retirada de João da Costa e Rands para
indicar Humberto Costa por consenso, sem consulta aos filiados.
"Eu ganhei, e iria ganhar a outra", disse ontem o prefeito. "Não vejo
argumento, circunstância, razões suficientes para que a gente não
mantenha a candidatura."
Presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é
desafeto de João da Costa e pediu a Lula o veto à sua candidatura.O novo impasse atrasa ainda mais as negociações para atrair os
socialistas à chapa do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São
Paulo.
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