É muito difícil atender pedido do partido de Marina, diz ministro do TSE
Um dos sete integrantes do Tribunal Superior Eleitoral que vão julgar
nessa quinta-feira (3) o processo de criação do partido de Marina Silva,
o ministro Marco Aurélio Mello afirmou que considera "muito difícil"
aceitar o pedido de registro da legenda.
Sem ter conseguido o apoio popular mínimo para sua criação --faltaram
quase 50 mil dos 492 mil nomes exigidos por lei--, a Rede
Sustentabilidade quer que o TSE valide automaticamente um lote de 98 mil
assinaturas que tiveram a certificação rejeitada na checagem dos
cartórios eleitorais.
O partido argumenta que os cartórios não divulgaram a justificativa da recusa, o que seria ilegal.
"Tanto a lei [dos partidos políticos] quanto a resolução [de criação de
partidos] prevê que o escrivão do cartório faça a validação. Nós não
atuamos como cartório. Nós estamos praticamente no terceiro patamar. Tem
o cartório eleitoral, tem o tribunal regional. E tem que passar por lá,
sob a minha ótica, para chegar o pedido de registro no TSE", afirmou
Marco Aurélio na manhã desta quarta-feira (2).
"Você, meu Deus do céu, validar milhares de assinaturas? Aí fica muito
difícil. É uma coisa que deve ser feita por inúmeros cartórios, não por
órgãos únicos."
Embora ressalve que aguardará o voto da relatora do caso, Laurita Vaz,
para firmar seu posicionamento, ele disse que votará para "preservar a
ordem jurídica, o direito posto". "Se, realmente, como consigna o
Ministério Público Eleitoral, os requisitos legais não estão atendidos,
eu evidentemente tenho que preservar a ordem jurídica, o direito posto."
Na segunda-feira (1°), o Ministério Público Eleitoral deu parecer contrário
ao pedido da Rede sob o argumento de que o partido ainda não tem
condições de ser criado por não ter reunido as assinaturas mínimas de
apoio.
Outro dos sete ministros do TSE, João Otávio de Noronha também indicou
que deve votar contra a Rede. "O cartório valida ou invalida
administrativamente [as assinaturas]. O cartório não profere decisão
judicial para ter que justificar. Confere ou não confere. Se acha que
não conferiu, rejeita (...) A lei é clara. Você tem que ter o apoiamento
de mais de 480 mil, o número é por aí. Se não tiver, não satisfaz",
disse Noronha na noite de segunda-feira.
Caso a Rede tenha o pedido rejeitado pelo TSE, resta ainda a Marina a
possibilidade de se filiar até sábado (5) a uma outra legenda, hipótese
que ela tem recusado a comentar.
Terceira colocada na disputa à Presidência da República em 2010, com
19,3% dos votos válidos, Marina é hoje, segundo as pesquisas, a
principal candidata de oposição a Dilma Rousseff.
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