Há 23 anos, senador paranaense disputou a indicação no PMDB.
Ulysses Guimarães foi o escolhido na época.
Foto: Pedro França/Agência Senado
Em entrevista, Álvaro Dias defende a realização de prévias partidárias, diz-se disposto a encarar a corrida presidencial e espera a unidade no ninho tucano com o fim da imposição dos nomes de Aécio Neves e José Serra.
Em 1989, o atual líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disputou com Ulysses Guimarães a indicação do PMDB, seu ex-partido, para a Presidência da República. Mas, além do prestígio do “doutor Constituinte”, Dias ainda teria de enfrentar os presidenciáveis peemedebistas Íris Rezende e Waldyr Pires. Sem respaldo da maioria, o então governador do Paraná (1986-1989) saiu do páreo. Vinte e três anos depois, o tucano volta a colocar seu nome como possível candidato à presidência. A intenção é fazer o partido sair da polarização entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de São Paulo José Serra.
“Imposição da cúpula desestimula militância”
Para Álvaro Dias, a imposição dos nomes de Aécio e Serra atrapalha a “unidade partidária”. Por isso, defende a realização de prévias partidárias para a escolha do novo candidato. Nas últimas eleições presidenciais, os candidatos tucanos foram escolhidos por um pequeno grupo, composto em sua maioria por partidários paulistas. Uma vez chamado, o senador garante que encara nova disputa. “Não podemos fugir a esta responsabilidade. O PSDB tem uma enorme responsabilidade, que é apresentar uma proposta alternativa de poder para o país. Uma proposta conseqüente, inteligente, responsável, mas que signifique mudança desta realidade”, afirmou o tucano, em entrevista gravada pelo jornalista José Maria Trindade, da Rádio Jovem Pan, na última quinta-feira (12). Para ele, é o partido quem deve estimular o debate.
“O melhor ambiente para a proposta do debate é a realização de eleições primárias. Assim, todos os postulantes, de perfis diversos, poderão colocar seus nomes para que o debate ocorra. Nós vamos revitalizar o partido, conferindo a ele uma maior organização, com filiações em massa. Nós vamos, certamente, construir uma unidade – porque quem participa de um processo democrático não tem autoridade moral e política para ser dissidente”, acrescentou Dias.
Álvaro Dias acredita que o partido deve começar agora, quase três anos antes das eleições de 2014, a discutir os nomes para a corrida presidencial. Na visão dele, é preciso produzir um “ambiente de convocação” que legitime a escolha do presidenciável tucano. Nesse sentido, a convocação de eleições primárias, ou prévias partidárias, deve indicar o perfil ideal da candidatura.
“Acho que o PSDB tem o dever de, logo no início das atividades deste ano, definir o modelo de escolha do candidato à Presidência da República, optando pela democratização do processo. Usando esse expediente das eleições primárias, que envolveriam todos os militantes do partido. Eles não seriam convocados apenas para aplaudir no dia da convenção”, defendeu. O tucano sugere que os pré-candidatos poderiam, no processo de disputa, multiplicar os procedimentos de filiação em massa, em estratégia que levaria à unidade do PSDB.
“Ainda não fui chamado”
Líder do PSDB desde que seu antecessor no posto, Arthur Virgílio (AM), não conseguiu se reeleger em 2010, Álvaro Dias iniciou a carreira política como vereador, em 1968, pelo antigo MDB. Em sua trajetória no Legislativo e Executivo estaduais, até chegar ao Senado, Álvaro integrou partidos de diferentes correntes ideológicas, como PMDB, PST e PDT. A pluralidade não o impede, diz, de ser o representante do PSDB nas eleições presidenciais de 2014.
“É preciso consultar os militantes. Tenho a cautela de não antecipar as decisões pessoais. Não cabe priorizar uma ambição pessoal. É necessário convocação”, ponderou o senador ao Congresso em Foco, acrescentando que o cronograma do partido deve obedecer à definição do processo de escolha, em busca de um perfil ideal, e à valorização da militância. “Se eu fosse chamado [pela maioria do PSDB], atenderia. Mas ainda não fui chamado.”
Na ausência dos demais líderes oposicionistas no Senado – como Aécio Neves, José Agripino (DEM-RN) e o líder demista Demóstenes Torres (GO) –, o paranaense foi a voz isolada entre os senadores a contestar o ministro, respaldado pela ampla maioria governista na comissão – ele é o único senador da oposição a integrar o colegiado. Autor de um dos requerimentos de convocação de Bezerra, o tucano se valeu dos holofotes do plenário para marcar posição em um cenário de oposição mais forte entre os deputados, com as presenças de Rodrigo Maia (RJ), ex-presidente nacional do DEM, e do líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).
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